Lisboa – Uma Descoberta Enoturística

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Lisboa – Uma Descoberta Enoturística

Corria o século XII, período negro da Idade Média, quando a cultura da vinha desenvolveu-se de forma notória. Acredita-se que estes avanços foram devidos aos ofícios de várias Ordens Religiosas, com destaque para Alcobaça, local onde os seguidores de São Bernardo habitaram no mosteiro que foi mandado construir pela Ordem de Cister.

À época, o grande objetivo era produzir vinho para as celebrações religiosas. Assim, os vinhos da então chamada Estremadura alcançaram tantos palatos quanto crédito. Com a devida fama, os produtos vinícolas não demoraram a tornar-se relevantes em toda a região, impulsionando a sua economia.

 

Um território heterogéneo

A riqueza de Lisboa, enquanto região vitivinícola, deve-se fundamentalmente a uma palavra: Diversidade. São várias as castas plantadas, os tipos de solo e os climas que a envolvem. A frescura das noites de verão e a suavidade dos invernos contribuem para a produção de uvas de excelência. A acentuar as assimetrias, as vinhas junto ao Atlântico estão sujeitas a maior frescura e vento, enquanto as que estão mais longe do litoral beneficiam de um clima mediterrâneo. 

A região tem aproximadamente 18 mil hectares de vinha, assim como 9 Denominações de Origem Controlada (DOC): Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire, Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras. Em Alenquer, por exemplo, a brisa da Costa Atlântica e os solos ricos em argila e calcário são os pilares para a ótima mineralização e acidez das uvas plantadas. Constituem vinhos tintos aromáticos, elegantes, com um envelhecimento em garrafa prolongado. Já os brancos são conhecidos pela frescura e caráter citrino.

Entre as principais uvas cultivadas é possível referenciar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambas de origem nacional), Malvasia e Seara-Nova. Nas tintas, surgem os seguintes exemplos com frequência: Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão, Touriga Nacional e Touriga Franca.

Ao longo dos anos o reconhecimento internacional dos vinhos de Lisboa tem aumentado, a par com a sua qualidade geral. Atualmente, é a região portuguesa que exporta a maior percentagem dos vinhos (não espumantes) que certifica. Tendo mais de 80 países como destino final dos seus produtos.

 

Enoturismo: propulsionar o dinamismo

enoturismo lisboaSeja residente ou turista, a região vitivinícola de Lisboa proporciona uma experiência envolvente em todos os sentidos. O enoturismo pode não parecer uma razão imediata para visitar a metrópole e as suas periferias, no entanto, não foi ao acaso que a imprensa internacional da especialidade considerou Lisboa um dos melhores destinos vitivinícolas de 2019.

Por entre as propostas de valor que sustentam esta avaliação e conselho, destaca-se a Rota dos Vinhos BCC: Bucelas, Carcavelos e Colares. Esta rota tem como propósito maravilhar quem a percorre com diversas atividades enogastronómicas, aliando o património nacional aos demais setores económicos da região.

Dentro do trajeto pode experienciar-se a cultura milenar do vinho de Bucelas, até ao prestigiado vinho de Carcavelos e as paliçadas únicas que protegem as vinhas de Colares. Com uma predominante paisagem rural, Bucelas apela à visita da Tapada Nacional de Mafra, local de realização das caçadas dos antigos reis portugueses. Ainda no domínio monárquico, podem também ser encontrados na região vestígios do monumental Palácio Nacional de Queluz. Pode ainda visitar-se o Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas e, em Alenquer, o Museu do Vinho.

Carcavelos é conhecido pelo seu vinho generoso, produzido numa zona com praias e vilas piscatórias, das quais se destaca a vila de Cascais. Na região de Colaras podem descobrir-se palácios, quintas e jardins puros, um cunho bucólico característico da vila de Sintra. Em termos gastronómicos, a região associa a história à tradição para oferecer pratos de carne como leitão de Negrais, carne de porco às Mercês, cabrito e vitela assada. Junto ao litoral os pratos de peixe fino, mariscos e moluscos são mais recorrentes. Por exemplo, um delicioso robalo ou sargo, ou até um polvo e mexilhões.