A HMW apresenta a entrevista realizada a José Pedro Soares, Presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada.
Presidente desde março de 2012, José Pedro Soares é defensor da certificação do vinho para prestigiar e aumentar a competitividade da região vitivinícola da Bairrada. Ao mesmo tempo, é um grande propulsor do espumante, chegando mesmo a referir que “daquilo que conseguimos perceber, através dos produtores e dos consumidores, o espumante é o que identifica a região.”

Qual é o panorama atual da região vitivinícola da Bairrada?
Julgo que estamos num bom momento. Acima de tudo, ao longo dos últimos anos existiu um trabalho muito sério por parte dos produtores que tornou possível reconquistar credibilidade e confiança. Os vinhos da Bairrada são hoje muito mais consistentes e consequentemente uma aposta mais segura. Lideramos o setor do espumante em Portugal sendo que mais de 50% de todo o espumante nacional é oriundo da nossa Região. A pandemia trouxe vários desafios à Região e aos seus produtores pois o canal HORECA esteve muito tempo fechado e é aí que os nossos produtores possuem maior expressão. Mas os produtores têm sabido ultrapassar as dificuldades, nomeadamente através dos mercados externos.
Como é que a região se tem adaptado às novas exigências do mercado?
O mercado está em revolução constante. Cada vez mais exigente, cada vez mais sabedor. A informação circula hoje a uma velocidade estonteante e tudo o que aconteça de bom e mau é “amplificado” por uma digitalização galopante da informação. A Bairrada tem percebido os sinais do mercado e deve ter sempre presente que não se trata de uma região que possa competir em volume. Devemos fazer bem, de forma genuína e ser ainda capazes de comunicar e valorizar o que nos difere dos restantes competidores. É exatamente por aí que podemos marcar pontos. Trazer mais pessoas à Região e fazer com que estas percecionem melhor as suas características estando assim mais disponíveis para pagar essa mesma diferença.
Que balanço faz do impacto do Enoturismo?
O Enoturismo é uma alavanca fundamental para todos. Para além do seu efeito direto que é o de colocar mais pessoas a adquirir vinhos na região e usufruir das várias valências que a mesma tem para oferecer (gastronomia, termas, zonas de lazer, museus, etc) este tipo de turismo ajuda a alavancar a marca Bairrada nos mercados de exportação. O Enoturismo ajuda a implementar cadeias mais curtas de comercialização fixando um maior valor para o produtor local.
Quais são os principais mercados consumidores dos vinhos da Bairrada?
Para além do Mercado nacional, o Brasil, os EUA e o Canadá.
Como é que a CV Bairrada tem colaborado na promoção e divulgação dos vinhos da região?
São várias as formas de o fazer. Procuramos, em conjunto com a Associação Rota da Bairrada, promover a vinda de críticos/jornalistas à nossa Região. Elaboramos eventos temáticos como foi o caso do “AQUI na BAIRRADA” que decorreu este ano em Maio, em Anadia. Apoiamos a presença de produtores em certames nacionais e internacionais.
Quais serão as próximas tendências da região nos próximos anos?
Julgo que os espumantes vão ser alvo de uma especial atenção nos próximos tempos. A Região não pode nem deve desprezar os excelentes vinhos que elabora, sejam eles brancos, rosados ou tintos.
Vamos ouvir falar mais de Brancos e Rosados na nossa região pois o mercado está a redescobrir estes produtos e nós, na Bairrada, temos capacidade para produzir alguns dos melhores que se elaboram em Portugal.
No entanto, acredito que se tivermos capacidade para trabalhar em conjunto e se conseguirmos produzir conhecimento suficiente que nos possibilite tomar as decisões corretas para a definição do futuro espumante na Bairrada, conceptualizando de forma mais objetiva o produto, sem nunca esquecer as nossas tradições, seremos com toda certeza bem-sucedidos e criaremos novas tendências nesta área.
José Pedro Soares