Como a Seca e Calor Estão a Antecipar as Vindimas 2022/2023

Vindimas 2022

Como a Seca e Calor Estão a Antecipar as Vindimas 2022/2023

Seca e Calor Extremo – Vindimar Numa Realidade Sem Fim à Vista

As sucessivas vagas de calor intenso aliadas à ausência de chuva têm reduzido a água no solo e escaldado alguns cachos de uvas.

2022 é já um dos anos mais secos dos últimos 100 anos. “Desde o início do ano até junho choveu menos de 50% do que era normal“, revelou o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus. Mais de metade do território português encontra-se em seca severa. As regiões do Alentejo, Beira interior, de Trás-os-Montes e Alto Douro estão em seca extrema. Em muitas zonas, o abastecimento de água regista mínimos históricos. Isto faz com que seja importante que chova no último trimestre do ano para regularizar os volumes de água e não comprometer o consumo humano.

As condições climatéricas estão também a influenciar o setor vitivinícola…

Vindimas de 2022 Antecipadas

Região Vitivinícola do Alentejo

Em algumas regiões as vindimas de 2022 já tiveram início, é o caso do Alentejo, que começou as vindimas com cerca de 3 semanas de avanço, num processo que se prolonga aproximadamente por 10 semanas. Uma vez que as condições não foram as melhores, tanto a quantidade como a qualidade da produção ainda são incertas.

Só quando as uvas forem esmagadas é que será possível perceber o rendimento da sua transformação. Até porque o facto de os cachos não estarem cheios pode gerar uvas mais concentradas, resultando num ano vitivinícola de boa qualidade.

É de realçar que no ano passado foram produzidos no Alentejo 126 milhões de litros de vinho, números que fazem desta produção a mais alta dos últimos 30 anos.

Região Vitivinícola do Douro

No Douro, algumas adegas decidiram também antecipar a vindimas para não prejudicar a produção. As condições climatéricas de julho e agosto fizeram com que as uvas amadurecessem muito mais rápido do que o habitual e que as videiras começassem a secar. Segundo os produtores, é mesmo a vindima “mais precoce de sempre“.

Esta proatividade deve-se também ao facto de que, neste momento, as uvas estão bem equilibradas e não há pressão de doença. Apesar deste quadro atípico, os cachos apresentam uma boa relação de peso por bago, o que é um ótimo indicador.

 

Região Vitivinícola da Bairrada

Apesar do contexto adverso, a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) prevê uma produção de cerca de 181 mil hectolitros, mantendo, assim, a produção do ano anterior.

Em declarações, Pedro Soares, presidente da CVB (leia a nossa entrevista ao presidente aqui), refere que as condições climatéricas “felizmente não tiveram grande impacto na nossa região. A consequência da pouca chuva e muito calor poderá evidenciar-se através de uma vindima mais precoce que o habitual. Existe menor quantidade de água nos solos, no entanto, e atendendo à forte influência atlântica de que a Região beneficia, as manhãs mais frescas têm favorecido o desenvolvimento regular das uvas, pelo que podemos afirmar que a qualidade e quantidade dos vinhos da Bairrada se vai manter na vindima 2022/2023.