Monção e Melgaço é destacadamente a sub-região com maior densidade de implantação da casta alvarinho o que leva a um enorme conhecimento da casta e onde é possível de uma forma natural, encontrar as suas diversas grandezas.

Os fatores humanos e nomeadamente a forma de cultivo da vinha, acentuam as diferenças dos fatores naturais existentes na região onde, por exemplo, surgem três sistemas de condução implementados e genericamente descritos como o cordão simples ascendente, onde a vinha tem uma parede de vegetação ascendente e cachos bem expostos ao sol, o cordão simples retumbante, onde a vinha tem vegetação apenas descendente com os cachos com exposição intermédia ao sol e ainda, vinha em ramada, cada vez em menor proporção, com estrutura vegetal na horizontal e cachos pouco expostos ao sol.

Cada um destes sistemas de condução tem a sua influência no perfil de uvas que cada uma destas vinhas vai produzir.

Por exemplo, pela disposição que o cordão retumbante oferece à vinha confere uma exposição parcial das uvas ao sol, contribuindo para uma degradação reduzida do perfil aromático das uvas, conseguindo alcançar um bom equilíbrio entre acidez, aroma e um teor alcoólico moderado.

Por sua vez o cordão ascendente que pode apresentar configurações diferentes (royat, sylvoz, guyot, bilateral, etc), promove uma maior exposição das uvas ao sol, levando a uma maior redução no teor de acidez e constituição aromática diferente.

Outras realidades presentes na região, são os perfis e composição dos solos assim como o relevo e a altitude a que as vinhas são instaladas.

Os solos predominantes são de origem granítica sendo que a noroeste da região verifica-se a existência de grandes quantidades de sedimentos (Argila e calhau rolado), bem como na parte central da região, a existência de uma faixa de xisto.

O relevo das paisagens de Monção e Melgaço, para além das diferentes serras e dos três principais vales que proporcionam (Minho, Mouro e Gadanha), está diretamente ligado ao clima existente na região.

O facto de esta região ser cortada a sul, pela cadeia montanhosa do Vale do Minho, faz com que não sofra a típica influência Atlântica da Região do Vinhos Verdes, característica que condiciona a especificidade do Vinho Verde. O que juntamente com os alinhamentos montanhosos da Serra da Galiza a norte, que bem perto do rio Minho atingem proporções consideráveis, formam uma cintura montanhosa responsável pela existência de um microclima único.

Caberá por tanto a cada produtor, desenhar a sua vinha em função do ou dos perfis da uva que pretende obter para as suas vinificações ou venda, como acontece na maioria dos casos, uma vez que aliando o antes descrito à componente altitude iremos perfis de vinhos muito diferentes.

Por exemplo e pegando na casta maioritária, o Alvarinho, este território permite que esta variedade mostre toda a sua versatilidade. A zona mais junto ao rio, a 50 metros de altitude, e até aos 150 metros origina globalmente vinhos com mais fruta e menos acidez. As zonas de encosta para a montanha, que poderão ir até aos 350 metros de altitude de um modo genérico, valorizam mais a mineralidade e a frescura.

Este jogo de micro-terroir dentro do terroir permite alvarinhos com e sem barrica, alvarinhos frutados, alvarinhos “minerais”, alvarinhos com doçura ou mais secos, alvarinho de vindima tardia ou até licorosos de Alvarinho conforme alguns ensaios o demonstram à data, todos eles com o denominador comum de possuírem um enorme potencial de evolução em garrafa.

Mais uma vez e em relação a esta casta, o Alvarinho, os vinhos Alvarinho de Monção e Melgaço caracterizam-se por uma cor intensa, palha, com reflexos citrinos, aroma intenso, distinto e complexo, que vai desde o marmelo, pêssego, banana, limão, maracujá e líchia (caráter frutado), a flor de laranjeira e violeta (caráter floral), a avelã e noz (caráter amendoado) e a mel (caráter caramelizado), sendo o sabor complexo, macio, redondo, harmonioso, encorpado e persistente.

Contudo não podemos pensar em Monção e Melgaço só como Alvarinho e em vinho tranquilo. Aqui também coexistem excelentes blends de Avarinho com Trajadura num estilo mais ligeiro com frescura gustativa e aromática muito própria; espumantes elaborados pelo método clássico que vão desde um estilo mais jovem e frutado até aos mais elegantes complexos, fruto da vinificação e estágios prolongados e, os vinhos tintos. Neste últimos e recentemente está a haver um trabalho muito criterioso por parte de alguns produtores, ao saírem da produção de vinhos tradicionalmente rústicos, em procura de estilos mais elegante e cheios de personalidade.

Em termos de números Monção e Melgaço descreve-se:

Área Total45.000 ha
Área de Vinha1730 ha
Área de Alvarinho1340 ha
Número de Viticultores2085
Número de Engarrafadores67
Produção Anual de Vinho Verde10,2 milhões de litros
Percentagens por Branco, Rosé e Tinto74% vv branco, 10% vv tinto e 3% vv rosado
Número de Marcas253