A única coisa que não é novidade no sector vitivinícola é a inovação!
O setor vitivinícola é um campo privilegiado para a aplicação prática do conhecimento multidisciplinar, integrando através da atividade vitícola e enológica campos de conhecimento tão diversos como a ecologia, a genética, a matemática, as tecnologias de informação, a física nuclear, a astronomia, a engenharia espacial, a sociologia e a psicologia.
O vinho é fruto de um ano trabalho na vinha, portanto é fundamental que se inove nas técnicas de plantação, para reforço da Região e da marca, nom mercado nacional e internacional. Além do modelo de viticultura sustentável, referimo-nos à escolha da casta, que deverá ser ponderada de acordo com o terreno, clima, humidade, altitude entre outros fatores que caraterizam o produto final, e definem a sua excelência e o seu caráter.
O seu valor comercial é especialmente condicionado pela perceção sensorial de quem o consome apresentando, assim, desafios muito específicos em termos de investigação que obrigam a utilizar estratégias muito diferentes da maior parte das restantes indústrias.
O período de estabilização da sua produção torna a opção de investigação incomportável financeiramente, uma vez que apenas 8 a 10 anos após a plantação se obtém a normalização da produtividade necessária para se poderem derivar conclusões credíveis, sobre o efeito de diferentes opções técnicas, ou da utilização de novos produtos. Assim, no setor vitivinícola a opção passa pela utilização de uma fração da área total, mais homogénea e regular, do ponto de vista produtivo, onde coexistem produção comercial, investigação aplicada e desenvolvimento experimental.
A variedade de fatores que condiciona a prática cultural e industrial do setor, torna a inovação uma ferramenta do dia-a-dia. As conjugações das variáveis resultam em múltiplas situações que são experimentadas quotidianamente pelos profissionais do setor, obrigando a adaptações experimentações permanentes, com uma tal intensidade que os leva a banalizar a atividade inovadora.
Os principais desenvolvimentos tecnológicos nos últimos 10 anos, de acordo com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) foram:
- Tecnologias de aplicação de taxa variável (AVT), sistemas avançados de orientação e posicionamento nas máquinas e alfaias agrícolas;
- Avanços nos sistemas de monitorização remota e de veículos aéreos não tripulados que permitem que as máquinas agrícolas apliquem a quantidade certa de fitofármacos, no local certo e no momento certo e, também fornecer informação sobre o diagnóstico e previsão da colheira;
- Sensores de imagem e algoritmos de processamento de imagem, para a monitorização de fatores abióticos, pragas e sintomas e a modelação da informação para apoio à decisão;
- Mecanização dos processos de rega e colheita permitiu aumentar os ganhos e competitividade no setor do olival super-intensivo e vinha;
- Utilização integral dos recursos e a sua melhor valorização, a reutilização parcial dos desperdícios da produção primária (caroço da azeitona, poda, vinha) em fases secundárias (aquecimento, fermentação) tem promovido a eficiência energética. Também se tem verificado a reutilização de subprodutos e resíduos vitivinícolas (engaço de uva e lamas de ETAR) como fertilizantes.
- A rastreabilidade utilizando tecnologias baseadas em “Radio-Frequency IDentification” (RFID) permite assegurar a denominação de origem e manter e otimizar a diversidade de produtos regionais, que facilitam o investimento na valorização de produtos regionais através de apoios a certificação IGP/ DOP;
- Melhores sistemas de planeamento, logística, rastreabilidade (IOT, RFID), automação de processo de embalagem e processamento, previsão (estimativa de padrão de consumo utilizando técnicas de big data, data mining).


