“O meu único arrependimento na vida foi não ter bebido champanhe suficiente”, refere o enólogo norte-americano Robert Noecker. Alguém que, pelo badalar das palavras, teria sido muito feliz na Bairrada. Com o apoio orgulhoso das Caves e produtores da região, a Bairrada é por excelência a região do espumante. Seja no conforto do lar ou na cavaqueira do restaurante, esta é, a par com o leitão assado, a primeira escolha dos bairradinos – E por boas razões.

O terroir ideal

No que diz respeito ao ambiente em que o vinho é produzido, assim como as características e variáveis que regulam o seu desenvolvimento, a Bairrada é um caso característico.

Apresenta um clima tradicionalmente atlântico, tendo em conta a proximidade do mar. Invernos chuvosos e amenos, verões quentes e com algum vento. Aquando o período do amadurecimento das uvas, a região chega a apontar uma amplitude térmica que pode chegar aos 20ºC. Esta particularidade faz com que, de forma geral, os vinhos da Bairrada nutram de uma frescura que provém da acidez das uvas.

Quanto aos solos, são divididos entre os terrenos argilosos e calcários, arenosos e calcários. As vinhas que se destinam à produção de produtos com a denominação “Bairrada” estão obrigados a cumprir com o regulamento que indica que as vinhas “devem estar instaladas em solos “calcários pardos ou vermelhos”, em “solos litólicos húmicos ou não húmicos”, ou em podzóis de materiais arenáceos pouco consolidados”. (Fonte: Wine Tourism Portugal)

O modus operandi

Por definição, um espumante é todo e qualquer vinho que passe por uma segunda fermentação alcoólica, sendo o dióxido de carbono (responsável pelo perlage, o borbulhar do vinho quando servido) pelo naturalmente retido no recipiente.

No entanto, existem diversos métodos utilizados na produção, entre os quais o Clássico (champanhês) e o Charmat.

  • Método Clássico: A segunda fermentação tem lugar em garrafa e a remoção de sedimentos é realizada com remuage e dégorgement.
  • Método Charmat: A segunda fermentação ocorre em grandes vasilhas de aduela e a remoção de sedimentos desenrola-se através de um processo de filtração.

Os espumantes da Bairrada são produzidos pelo método clássico e classificados de acordo com o grau de doçura: Brut Nature, Seco ou Demi-Sec. Quando se processa a segunda fermentação, esta deve decorrer por, no mínimo, nove meses. Os espumantes mais jovens são mais frescos e com aromas frutados e florais. À medida que o tempo passa, estes aromas sincronizam-se com as notas das leveduras que provêm do estágio em garrafa.

Quando são espumantes de Baga, casta autóctone da região, tendem a possuir uma cremosidade digna de nota e uma mineralidade pronunciada no palato.

A afirmação da excelência

Barris de vinho

No tópico da qualidade, é bom recordar alguns dos espumantes dos nossos parceiros, que tão premiados têm sido ao longo dos anos. A começar com a Cave Central da Bairrada, que arrecadou duas medalhas de ouros no Asia Wine Trophy 2016 com os espumantes “M&M Gold Edition Branco” e “M&M Silver Edition”.

Premiadas com a mesma excelência têm sido também as Caves Primavera. Para citar alguns exemplos recentes, o Espumante Primavera Baga Bairrada Extra Bruto 2017 obteve a medalha de prata no Mundus Vini 2020 – Spring Tasting e a Revista Paixão pelos Vinhos atribuiu 18 valores ao Espumante Primavera 75 Anos Grande Reserva Touriga Nacional 2012. Destacam-se ainda os Espumantes Primavera Bical Bruto 2015 e Primavera 75 Anos Grande Reserva Touriga Nacional 2012, ambos galardoados com a medalha de ouro no Portugal Wine Trophy 2019.

Brindar em terras de bem-viver

Em torno do espumante a região brinda os seus habitantes e visitantes com uma riqueza cultural e natural diversificada.

Desde as praias da Costa Nova, Barra e Vagueira, até algumas das termas mais populares do país sitas na Curia e no Luso, os programas oscilam entre o calor do arenito e a frescura da montanha.

No núcleo da região, em Anadia, pode visitar-se o Museu do Vinho Bairrada, local de referência para presenciar exposições sobre a cultura do vinho na região. Sem esquecer, claro, a sua enoteca, onde podem ser provados alguns dos melhores vinhos bairradinos.

Ainda no âmbito do Enoturismo, faz-se o convite até à Pateira de Fermentelos, uma das maiores lagoas naturais da Península Ibérica, e onde se pode observar quer fauna como flora. Assim como a Mata Nacional do Buçaco, onde se agrupam várias espécies botânicas.

Sendo uma região costeira, a gastronomia realça as sopas de peixe e as entradas à base de mariscos, pratos de peixe grelhado ou assado no forno. Quanto às carnes, a chanfana de cabra e o pato compõem os sabores, sem esquecer o emblemático leitão assado da Mealhada, como referido anteriormente. Para adoçar a boca, a oferta varia entre os ovos-moles de Aveiro, as queijadas de Tentúgal, os doces conventuais do Lorvão ou os pastéis de Santa Clara de Coimbra.

HMW