A HMW apresenta a entrevista realizada a Luís de Castro, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo.

Presidente desde 01 de Maio de 2014, Luís de Castro é um defensor da internacionalização dos Vinhos do Tejo e um player chave no sucesso que a região colheu em 2020 (30 milhões de litros certificados, o que representa um crescimento de 28% face a 2019), apesar das circunstâncias pandémicas. Sublinha ainda que os resultados positivos são fruto do esforço coletivo da região.

Entrevista

Luís de Castro

Qual é o panorama atual da região vitivinícola do Tejo?

Foi no ano de 1997 que se instituiu a então designada Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, mantendo-se com o seu nome atual – CVRTEJO – desde 2008. A região tem área global de mais de 7 mil km2 e engloba mais de 20 Municípios. Beneficia duma localização próxima da capital e de condições edafoclimáticas únicas que constituem um equilíbrio entre a influência atlântica da Região de Lisboa e a influência continental do Alentejo. Enquadrando uma diversidade de terroirs, sendo os principais o Bairro, a Charneca e o Campo, a região do Tejo reúne as condições ideais para produzir uma grande diversidade de vinhos de grande qualidade.

“Crescimento” é uma palavra que pode ser bem aplicada ao panorama presente desta Região, desta Entidade e do conjunto dos seus Produtores. De facto, no âmbito do volume de vinho Certificado do Tejo, prevê-se um continuo crescimento nos próximos anos. Números que encontram sustentação na melhoria contínua da ação e das condições de trabalho do seu Departamento de Certificação, nomeadamente ao nível dos seus meios humanos, da implementação do sistema informático SIV TEJO, ferramenta digital que permite que todo o trabalho inerente decorra com maior celeridade, e das obras de modernização entretanto realizadas na Sede da CVRTejo em Almeirim.

Por outro lado, temos como eixo importante da atuação da CVRTejo o continuo apoio dado pela CVR aos seus Produtores na promoção dos seus vinhos em Portugal e em vários mercados de exportação. Os vinhos da região têm registado continuo crescimento no mercado interno, tanto no canal HoReCa como na Grande Distribuição, e mantém um intenso dinamismo junto de vários mercados internacionais.

Tendo isto em consideração perspetivamos que a região se mantenha nesta senda de progresso sustentável e de maior reconhecimento nacional e internacional.

Como é que a região se tem adaptado às novas exigências do mercado?

Existem algumas ameaças a ter em conta quer no curto quer no médio prazo que se colocam ao sector e que vão aumentando gradualmente:

– Campanha internacional anti-álcool.

– Aumento de taxas sobre bebidas alcoólicas e, portanto, sobre o vinho.

– Cada vez maior concorrência internacional.

Para enfrentar estes desafios há que continuar a apoiar campanhas sérias que demonstrem que o consumo moderado de vinho não é nocivo para a saúde pública (menos até que os refrigerantes, cujo consumo disparou). Quanto às taxas, dependerá de os Governos acharem ou não que o sector é importante para o Pais e que não deve nem pode ser prejudicado com sobrecarga de taxas. No que diz respeito á concorrência internacional temos de continuar a apoiar o trabalho da ViniPortugal e das Regiões na promoção da marca WOP e demonstrar que somos pelo menos tão bons como os nossos competidores. Para que isso resulte temos de insistir e continuar a «apostar» na nossa diversidade Regional e de castas como factor preponderante de diferenciação para uma mais eficaz promoção junto dos mais diversos mercados.

Que balanço faz do impacto do Enoturismo?

O Enoturismo ainda não está suficientemente desenvolvido na Região, mas não temos dúvidas em afirmar que irá ter um impacto muito importante e positivo para o desenvolvimento turístico de toda esta área e para o aumento da notoriedade da Região, enquanto Região Produtora de vinhos, e dos seus Produtores e vinhos. Serão estes os principais beneficiários do desenvolvimento desta actividade económica porque verão os seus vinhos tornar-se mais conhecidos e reconhecidos pelos Consumidores/ visitantes nacionais e internacionais.

Dai que a ROTA DOS VINHOS DO TEJO, que está sediada no mesmo local da CVR ter tomado recentemente a iniciativa de promover a «Wine Route 118» que mais não é que 150km duma estrada que atravessa a Região de sul a norte e que dá acesso a 15 dos seus Produtores de referência. Outras iniciativas se seguirão noutras partes da Região tendo outras «âncoras» como suporte. Contamos também com o apoio das Autarquias da Região que desta forma também verão a actividade turística nos seus Municípios aumentar expressivamente.

Quem são os principais mercados consumidores dos vinhos do Tejo?

Mercado Interno que tem ainda mais de 50% do total e depois o Brasil, a Polónia, a Suécia, o Reino Unido, a França e a China.

Como é que a CVRTejo tem colaborado na promoção e divulgação dos vinhos da região?

Desde há 5 anos, quando se decidiu estabelecer um plano estratégico para a promoção dos vinhos do Tejo e se estabeleceram os mercados internacionais onde esta Região se iria focar que a Região tem levado a efeito inúmeros eventos promocionais apenas interrompidos, em parte, no último ano e meio. Os resultados dessas actividades estão à vista com expressivos crescimentos na exportação. No mercado interno a crise provocada pela Covid-19 atingiu apenas os Produtores de menor dimensão que estavam mais focados na HoReCa nacional, que esteve fechada. A nossa estratégia neste período focou-se bastante na Grande Distribuição e, também por esse motivo, em números globais, crescemos expressivamente.

No primeiro semestre deste ano crescemos 20% no mercado interno e 35 % na exportação.

Quais serão as próximas tendências da região nos próximos anos?

O Mundo está em constante mudança e temos de estar atentos não só às ameaças de que já falámos, mas também às actuais tendências e agora pensamos que os vinhos de baixo teor alcoólico e a sustentabilidade terão de ser duas das prioridades a ter em consideração no futuro próximo.

Luís de Castro

Comissão Vitivinícola Regional do Tejo