A Sustentabilidade Enquanto Conceito
Antes de chegarmos à sustentabilidade na indústria vitivinícola, é necessário dar um passo atrás e abordar a própria noção de sustentabilidade, que foi alargando com o passar das décadas. Começou por cingir-se à vertente ambiental, relacionado com a necessidade de termos de agir de forma mais consciente, de modo a gerir de forma apropriada os recursos finitos do planeta. Sendo que hoje o conceito alargou-se e é utilizado, por exemplo, na dimensão social, económica e até empresarial – com vista à boa manutenção e prosperidade do negócio.
A Sustentabilidade na Indústria Vitivinícola
Quando se discute o tema da sustentabilidade no âmbito da indústria vitivinícola, existem diversos pontos-chave a considerar:
- Saúde e Conservação do Solo: as vinhas sustentáveis centram-se na saúde do solo através de práticas como a cultura de cobertura, a compostagem e a redução da erosão do solo. Estas medidas melhoram a fertilidade, a estrutura e a capacidade de retenção de água do solo, promovendo, em última análise, a sustentabilidade a longo prazo e a resiliência da vinha.
- Conservação da Água: A água é um recurso valioso na produção de vinho, e as práticas sustentáveis centram-se na minimização do seu uso. As adegas em Portugal implementam técnicas como a irrigação gota a gota, sensores de humidade do solo e sistemas de reciclagem de água para otimizar a eficiência da água. Algumas vinhas também utilizam culturas de cobertura para reter a humidade do solo e reduzir a evaporação da água.
- Redução da Pegada de Carbono: As adegas estão a implementar cada vez mais estratégias para reduzir a sua pegada de carbono. Isto envolve a adoção de fontes de energia renováveis, como painéis solares ou turbinas eólicas, para alimentar as operações e instalações das vinhas. Além disso, os esforços para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa incluem a otimização das rotas de transporte, a utilização de garrafas mais leves e a utilização de práticas de embalagem sustentáveis.
- Agricultura Biológica e Biodinâmica: Muitos produtores de vinho em Portugal estão a adotar práticas de agricultura biológica e biodinâmica. A agricultura biológica evita a utilização de pesticidas e fertilizantes sintéticos, promovendo solos mais saudáveis e reduzindo a contaminação química. A agricultura biodinâmica leva os princípios orgânicos mais longe, considerando a vinha como um ecossistema holístico e incorporando preparações naturais e ciclos lunares.
- Responsabilidade social: A sustentabilidade na indústria vinícola também se estende aos aspetos sociais, incluindo práticas de trabalho justas e envolvimento da comunidade. As adegas podem dar prioridade a salários justos, condições de trabalho seguras e formação e desenvolvimento dos trabalhadores. Para além disso, algumas adegas colaboram com as comunidades locais através de iniciativas como contribuições de caridade, eventos culturais e desenvolvimento do turismo.
- Certificação e padrões: Existem vários programas de certificação e normas de sustentabilidade na indústria vinícola. Os exemplos incluem as certificações Certified Organic, Biodynamic, Sustainable Winegrowing e Fairtrade. Estes programas fornecem estruturas e diretrizes para as adegas seguirem, garantindo transparência e responsabilidade nos seus esforços de sustentabilidade. Saiba tudo sobre os sistemas de gestão disponíveis para o setor vitivinícola aqui: HMW – Sistemas de Gestão.
Selo de Sustentabilidade para o Vinho
Por falar em certificações, um grupo de entidades do setor do vinho, designado pela ViniPortugal e coordenado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), criou o Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola. O referencial é uma resposta aos desafios ambientais e está alinhado com políticas da União Europeia e com iniciativas de outros países produtores, como os EUA e a Austrália.
Estar certificado com este referencial representa uma vantagem competitiva nos mercados onde as empresas atuam ou desejam atuar. O referencial abrange quatro domínios principais: ambiental, social, económico e de melhorias contínuas. Do lado do consumidor, serve para garantir que o produtor cumpre uma série de boas práticas ao nível da sustentabilidade.
A implementação do referencial é realizada pela ViniPortugal, após a homologação pelo governo. As empresas interessadas devem fazer uma autoavaliação com base nos critérios do referencial, elaborar um plano de ação e implementá-lo antes de se candidatarem à certificação. O tempo e os custos para obter a certificação variam de acordo com a dimensão da empresa e seu estágio atual de práticas de gestão de recursos.
Se pretende saber mais sobre esta certificação, consulte o website da ViniPortugal.
Ouça também o Podcast da HM Consultores com o Presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão: