A Bacalhôa Vinhos de Portugal é uma das maiores e mais inovadoras empresas vinícolas em Portugal, desenvolveu ao longo dos anos uma vasta gama de vinhos que lhe granjeou uma sólida reputação e a preferência de consumidores nacionais e internacionais.

A sua missão passa por produzir e comercializar vinhos de qualidade que façam jus às características específicas das várias zonas vinícolas de Portugal e à longa tradição de produção vinícola do país. É uma empresa orgulhosa da sua gama de vinhos, dimensão e autonomia na produção.

A empresa é cliente da HMW e, pelas palavras de Fernando Castro, Administrador da Bacalhôa Vinhos de Portugal, comenta sobre a evolução da região Bairrada.

Como é que tem sido a evolução da região?

 

Um Pouco de História…

Fernando Castro

Apesar de ser uma região onde a prática da viticultura é anterior à fundação da nossa nacionalidade, segundo registos existentes nos livros do extinto Convento de Lorvão, somente com data de 31 de Dezembro de 1979 é que foi publicada Portaria que reconheceu a Região Vitivinícola da Bairrada como Região Demarcada, apta a produzir vinhos e espumantes com direito a Denominação de Origem (DOC e DOP).

Os vinhos produzidos na Bairrada sempre se afirmaram pelo seu expressivo caráter, havendo referências escritas da sua exportação no Seculo XVIII através dos Portos da Figueira da Foz, de Aveiro e do Douro para mercados, sobretudo do norte da Europa, para além de serem consumidos noutras regiões do nosso País. É conhecido o decreto do Marquês de Pombal que ordenou o arranque de vinhas da Região da Bairrada por prejudicar os interesses dos vinhos da Região do Douro e, um século mais tarde, quando a Região da Bairrada retomou a sua produção, as queixas dos viticultores da Região do Douro prosseguiram, devido ao facto de os vinhos da Bairrada estarem a fazer forte concorrência nos mercados dos vinhos durienses.

Terroir, Castas e Vinhos

A Região Demarcada da Bairrada abrange a totalidade dos Concelhos de Anadia, Cantanhede, Mealhada e Oliveira do Bairro, e parte dos Concelhos de Águeda, Aveiro, Coimbra e Vagos, devendo contar atualmente com cerca de 10.000 hectares de vinhedos, onde predomina o minifúndio, não obstantes os esforços desenvolvidos por alguns produtores para redimensionarem as explorações agregando o maior número de parcelas adjacentes, com o objetivo de conseguirem economias de escala e melhorarem a rentabilidade.

Trata-se de uma região com clima de influência atlântica, ainda que existam algumas pequenas zonas mais abrigadas.

Por outro lado, os solos são de natureza variada, desde os argilo-calcários, aos arenosos e aos xistos, mas é sobretudo nos primeiros que se produzem os vinhos maís caraterísticos da Bairrada, quer tintos quer brancos.

A casta tinta predominante é a casta Baga, embora coexistam muitas outras, nomeadamente o Castelão, a Tinta Roriz, a Tinta Pinheira, a Touriga Nacional, o Bastardo, o Pinot Noir e, mais recentemente, o Cabernet Sauvignon, o Merlot e a Syrah.

Nas castas brancas, a Bical, a Sercial, a Maria Gomes, o Arinto e o Pinot de Champagne são as mais expressivas, mas também podemos encontrar outras como a Bela Anadia, o Viognier, ou o Sauvignon Blanc.

Os vinhos da Bairrada distinguem-se pelo seu grande volume e forte capacidade de envelhecimento, tanto nos tintos como nos brancos.

Uma Região Pioneira

Para além disso, a Região destacou-se, desde os finais do Sec. XIX (1889), por ter sido pioneira em Portugal na preparação de Espumantes pelo método de fermentação em garrafa (método clássico ou Champanhês), após os estudos desenvolvidos em Anadia, na Estação de Pomologia e Viticultura da Bairrada, pelo Enólogo Eng.º Tavares da Silva.

Apesar de a preparação de espumantes ser hoje prática corrente em todo o País, continua a ser na Região da Bairrada que se produz a maior parte do espumante produzido em Portugal.

Recentemente, a Comissão Vitivinícola da Bairrada em conjunto com um grupo de produtores decidiu promover o Projeto de Espumante “Baga – Bairrada”, um espumante “Blanc de Noir”, como um projeto diferenciador com os objetivos criar um espumante identificativo da Região da Bairrada e capaz de proporcionar maior valor económico para a casta Baga. Este projeto tem vindo a afirmar-se de ano para ano, sendo crescente o número de produtores aderentes e a quantidade de garrafas certificadas.

Para além da Comissão Vitivinícola da Bairrada, como entidade legal controladora, certificadora e promotora dos produtos vínicos da Região, existem outras entidades que, em conjunto, se ocupam da divulgação desses produtos e de outros aspetos da cultura Bairradina. São eles a Confraria dos Enófilos da Bairrada e a Associação Rota da Bairrada.

Confraria dos Enófilos da Bairrada

A Confraria dos Enófilos da Bairrada foi fundada por escritura pública de 11 de Junho de 1979, antecedendo o reconhecimento legal da Região e impulsionando-o fortemente, uma vez que veio a concretizar-se pouco mais de meio ano depois.

Atualmente é a mais antiga confraria báquica existente em atividade no nosso País, contando com mais de 4 centenas de associados das diversas categorias (Confrades Fundadores, Confrades de Honra, Confrades de Mérito e Confrades).

De acordo com os atuais Estatutos, entre diversas atividades a Confraria encontra-se obrigada a promover anualmente um Grande Capítulo, durante o qual se procede à imposição de insígnias aos novos confrades e, de entre eles um Confrade de Honra e, por outro lado, a realizar um concurso destinado a incentivar a produção de vinhos de qualidade, selecionando e premiando “Os Melhores Vinhos da Bairrada na Produção”, aos quais são atribuídas medalhas de ouro e de prata.

De acordo com o Regulamento do Concurso, a Confraria reserva-se no direito de adquirir total ou parcialmente os vinhos classificados em primeiro lugar.

No âmbito desse preceito, nos primeiros anos a Direção da Confraria dos Enófilos da Bairrada procedeu à aquisição e engarrafamento de várias colheitas de vinhos tintos.

Associações e Empresas de Sucesso

Por seu lado, a Associação Rota da Bairrada é constituída por todos os municípios abrangidos pela Região Demarcada e alguns produtores da região, tem como objetivos principais promover os vinhos, a gastronomia e outros aspetos mais relevantes da cultura Bairradina.

Noutra vertente são de referir ainda a Estação Vitivinícola da Beira Litoral, sucessora da antiga Estação de Pomologia da Bairrada direcionada para a investigação e a Escola Profissional de Viticultura e Enologia da Beira Litoral dedicada à formação de técnicos intermédios.

Entre as empresas mais antigas da região contam-se as Caves S. João, as Caves Messias, a Aliança-Vinhos de Portugal (ex-Caves Aliança) e as Caves Solar de São Domingos. Porém, existe também um número significativo de outros operadores, desde individuais a empresas e cooperativas.

Apesar de se tratar de uma região relativamente pequena, os vinhos da Bairrada são exportados para todos os continentes, onde têm vindo a afirmar-se pela sua qualidade e caraterísticas próprias. Esse facto tem despertado o interesse de investidores de outras regiões além dos locais, onde se vão desenvolvendo novas experiências e projetos inovadores e valorizadores do setor, conferindo-lhe maiores perspetivas de sustentabilidade.

Fernando Castro, Administrador

Bacalhôa Vinhos de Portugal