“Making wine with passion” tem sido o mote da AB Valley Wines. Tudo começou em 2016, quando dois amigos de longa data decidem agregar a sua paixão por vinhos e criar um projeto totalmente diferente. O nome “AB” tem a sua explicação nesta ligação, sendo, portanto, as iniciais de António Sousa e de Bernardo Lencastre, os fundadores da marca.
Os entusiastas fundiram conhecimentos para produzir vinhos originais, únicos e excecionais – qualidades das quais se orgulham.
A empresa é cliente da HMW e, pelas palavras do seu Enólogo e Produtor, António Sousa, comenta sobre a evolução da Região dos Vinhos Verdes.
Como é que tem sido a evolução da região?
Para mim abordar a temática da evolução da região dos vinhos verdes é falar também do meu percurso até a atualidade. Nascido numa família onde a vitivinicultura sempre esteve presente, assisti a esta grande revolução do sector na primeira pessoa.
De uma região fortemente vincada para a produção de tintos até aos anos 70, iniciou uma forte viragem na década de 80, que se foi acentuando ainda mais na última década, sendo atualmente uma região altamente vocacionada para a produção de vinhos brancos. O caminho tem sido de constante crescimento, quer no conceito clássico da região com vinhos jovens e frescos, que no perfil mais contemporâneo com vinhos mais encorpados e capazes de guarda, que tem acrescentado valor à região.
Passou de desconhecida, e por vezes menos bem-amada, e com uma exportação marginal nos anos 90, a porta-estandarte dos vinhos portugueses, exportando atualmente mais de 50% dos vinhos que certifica (32,5 milhões de litros em 2021). Nos últimos 10 anos duplicou o volume de exportação, sendo os seus principais mercados os Estados Unidos a Alemanha e o Brasil. Mas o crescimento tem sido mais evidente em mercados como o Japão e países do Norte e Leste da Europa.
Este caminho não é um acaso. Os mais atentos vêm uma região fortemente criativa e dinâmica, onde os produtores buscam diferenciação e novos mercados a cada nova campanha. Crescer na ordem dos 10% ao ano, na última década, apenas tem sido possível graças ao grande investimento na renovação das vinhas, mas também nas adegas e no equipamento produtivo, o que muito fez evoluir a região na conquista de mercados, pela consistência de preço/qualidade dos vinhos e pela valorização constante dos preços da uva.
Atualmente, a produção de vinhos na região é de cerca de 85 milhões de litros, dos quais cerca de 90% são certificados e engarrafados com a Denominação de Origem Vinho Verde ou com a Indicação Geográfica Minho, um valor muito superior à média nas restantes regiões vitícolas do país. No momento presente, a região tem de escolher uma de duas direções para poder manter os níveis de crescimento: aumentar um pouco a área de produção, ou aumentar o valor dos seus vinhos.
Sou mais apologista da segunda e, como grande aficionado da vinificação de varietais, acho que temos ainda muito caminho a fazer: castas como o Avesso e o Azal começam já a dar grandes resultados quer no mercado nacional como no mercado externo, mas temos muitas outras castas a descobrir, ou não fosse o número de castas autóctones o grande património do pais e desta região. A busca por essa diferenciação poderá ser, no meu entender, um passo importante na criação de vinhos com mais valor e capazes de despertar mais a curiosidade junto do consumidor.
No Projeto AB Valley Wines, um projecto muito jovem que nasceu em 2016, somos um pouco o espelho da diferenciação da região: vinificamos uvas das principais castas nativas, oriundas de parceiros um pouco espalhados por toda a região, os quais acompanhamos, dando origem a vinhos únicos e de qualidade reconhecida, expressa em mais de uma centena de reconhecimentos nacionais e internacionais (medalhas).
Inserem-se também no projeto microvinificações que visam explorar diferentes terroirs, castas e processos de vinificação, com vista a aprender e testar novos rumos.
Se me perguntarem se o caminho é longo, é certamente! E talvez seja também de altos e baixos, de curva e contracurva. Mas isso está na própria génese da nossa região, recortada das montanhas por rios e seus vales em direção ao mar…
Terminando, diria apenas que este é um setor onde muito ainda existe a descobrir…
António Sousa, Enólogo e Produtor